PRANTO DA NOITE
Cai, Sereno
Molha a madrugada
Com teu chorar ameno
O caminhante na estrada
Em seu passo pequeno
Alivia-se do calor
Sob tu, pranto que a Noite
Chora, ao ver-se morrendo
Cai, Sereno
As plantas, as flores
Sentem-se tão bem
Contigo, lágrimas da Noite
Enquanto esperam
O carinhoso açoite
Dos raios do Sol
Que, daqui a pouco, vem
Cai, Sereno
Pois a passarada
Já, de galho em galho
Exigem o orvalho
Pra afinar seu canto
Cai, Sereno
Pois te espera tanto
O meu amor no quarto
Pra quando chegares
Correr pelo campo
E provar teu frescor
Cai, Sereno
Te precisa a planta
Te anseia a flor
Te espera o caminhante
E o pássaro cantor
Cai, Sereno
Pois neste instante
Te desejando tanto
Está o meu grande amor
Do livro de Ademir Garçon ""Onde o Meu Olhar Não Alcança""