POBRE SÓ TEM FELICIDADE QUANDO SONHA QUE É FELIZ!
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No morro, a miséria e a tristeza
Fartura? Nas panelas, de poeira
No quarto não ha camas
Os leitos são esteiras
Na sala, caixotes empilhados são a mesa
A sala, tambem, é cozinha
Fogão enferrujado, nunca usado
Cozinhar o quê?
Nada tem pra ser cozido
Alegria? Só na janela
É a sua tevê
Dalí ele vislumbra o asfalto
Lá, do alto, a felicidade se vê
A felicidade dos ricos
E ele imagina ser um deles
E sorri com o seu sonho
Pobre só tem felicidade
Quando sonha que é feliz
Então ele volta a realidade
Fecha-se a janela da ilusão
Passa pela inutil mesa da sala
Olha o fogão "nunca usado"
Vai para o quarto
E deita na esteira
Pede a Deus o sono eterno
Já não suporta mais a miséria
Mas se arrepende
Desse egoista e covarde pedido
Os seus entes queridos precisam dele
Não pode morrer. Tem que lutar por eles
E, nesse momento, faz uma prece
Pede forças pra continuar lutando
E fecha os olhos
Não acordará mais para o mundo
Sua família chora
E sabe que ele agora
Olha por eles no céu.
[ ADEMIR GARÇON ]
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