domingo, 15 de maio de 2011

É TÃO TRISTE NÃO SENTIR SAUDADES!

Lembro das tardes de domingo
Em que eu corria pra praça
A fim de encontrar a namoradinha
Que me esperava ansiosa
Em uma mão eu levava uma rosa
E na outra, todo sem graça
Uns trocadinhos pro cinema

Lembro que à noite voltei
Triste e sem graça
Pelo que aconteceu:
Saíra do cinema, infeliz
E preocupado
Pois ela haveria de querer
Comigo tomar um sorvete
E, de fato, ela quis
Mas o dinheiro não deu

Lembro das vezes em que via
Aquela camisa da moda
E sonhava-me dentro dela
A desfilar pela cidade
Causando inveja
Aos rapazes da minha idade
Mas, só no sonho eu ficava
E, ao acordar pra realidade
Via-me todo esfarrapado
E, então, dos outros invejava

Lembro do meu pai, pobrezinho!
A lutar com sacrifícios
Para não nos faltar o pão
E o pão, quase sempre, faltava
Lembro da decepção
Que via nos olhos do “velho”
Da tristeza, ao ver-nos com fome
E num canto da casa eu chorava

Lembro da minha mãe, lá no tanque
Lavando roupa pra fora
Cantando sem parar
Talvez pra esquecer sua mágoas
Lágrimas juntando-se às águas
Será que nenhuma freguesa
Ao por sua toalha na mesa
Não iria imaginar
Que a mesma lavou-se com a tristeza
Da minha mãe a chorar?

Saudades sente-se das coisas boas que se teve
Felizes os que têm boas lembranças do passado
Infelizes os que não sentem saudade
Sentem só, na verdade
Uma vontade imensa
De esquecer os maus momentos
E de viver momentos bons
Para, mais tarde,
Poder sorrir
Ao lembrar

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